18.6.07

E finalmente...

Sentei-me na cama e alguns segundos mais tarde ele entrou no quarto, molhado, enrolado numa toalha. Eu não podia acreditar que a cada minuto que passava eu conseguia sentir-me ainda mais feliz do que antes. Ele deitou-se na cama, colocou a cabeça molhada no meu colo, enrolou-se com uma criança carente faz no regaço da sua mãe e pediu-me, “ fazes-me um cafuné??” (só de lembrar sinto um fio no estômago). Nunca me tinham feito um pedido assim. Alguns minutos depois ele abriu os olhos, olhou-me durante alguns segundos com uma profundidade indescritível e disse-me “mais um pouco e adormeço”. Eu sorri, acariciei-lhe o rosto e assim que os meus dedos passaram por perto dos seus lábios ele levantou a cabeça e beijou-me. É impossível descrever aquele momento. Um turbilhão de sensações e emoções tomou conta de mim. Lembro-me do cheiro dele, do brilho do seu cabelo, da suavidade da sua pele, da carícia do seu toque, da ternura do seu beijo do fogo daqueles escassos momentos de paixão, do desejo que se apoderou de nós e forma como nos amamos, como se soubéssemos que seria, não a primeira, mas a única vez. O sino tocava a cada meia hora como que a lembrar-me que aquela noite estava cada vez mais próxima do fim, mas nem isso me importava. O tempo para mim tinha ficado do lado de fora da porta. Admirei o seu corpo ainda molhado à luz da lua, admirei-o até os primeiros raios de sol aparecerem no céu. Eu estava demasiado feliz para conseguir dormir. Eu não queria dormir, queria estar bem desperta para guardar cada segundo ao lado dele. Por breves momentos imaginei um futuro, uma vida com ele dividida entre o sol do Algarve a correria da capital. Ouvi uns barulhos e pensei, «os padres, os padres devem estar a acordar». Rapidamente me levantei e fui ao quarto do lado acordar a Patrícia, mas não sem ter de me esconder de um padre que já descia as escadas. Voltei para me despedir. Apesar da felicidade que sentia foi difícil dizer adeus. Acaricie-lhe o rosto e os lábios, beijei-o suavemente para não o acordar e parti com aquela imagem. Fugimos dali com medo de sermos apanhadas e rapidamente nos pusemos a caminho do Algarve. Era humanamente impossível haver no mundo alguém mais feliz do que eu.

1 comentário:

Anónimo disse...

A felicidade pode ser de facto plena.
Beijito.