
ELE: “Vens sair?”
EU: “Não, vou para casa.”
ELE: “Para casa porquê? Deixa de ser parva, vamos sair.”
EU: “Não, não me apetece. Não tenho vontade de sair e além disso não avisei.”
ELE: “Não avisaste quem, o teu namorado? Tu estás muito diferente, tu não eras assim.”
EU: “Pois… as pessoas mudam, mas não é por causa dele.”
ELE: “Ai não, então é porquê? Há quantos anos te conheço? 5? 6? E tu não eras assim. Nunca te vi recusar uma noite de borga com os amigos, nunca.”
EU: “Mas isso era dantes, eu agora não tenho vontade de sair.”
ELE: “Mentira. Tu estás assim por causa daquele gajo, e o pior de tudo é que tu sabes que ele se ta a cagar para ti. É sábado à noite e onde é que ele está, com os amigos dele? E ontem esteve contigo? Há quantos meses é que vocês não saem juntos ao fim de semana?”
EU: “Eu não quero falar disso, e vou para casa.”
ELE: “Não te lembras quando íamos para a discoteca e éramos os últimos a sair?”
[Acenei com a cabeça que sim]
ELE: “E não eram noites altamente? E eu tenho saudades da pessoa que eras à uns anos atrás. “
“Eu também” respondi baixinho.
Ele levantou-me o rosto, sorriu para mim e disse-me, “vamos sair, pelos velhos tempos. E além disso se tu não fores não há bolei para toda a gente!!”
Acabei por concordar e fui.
Tudo o que aconteceu daí para a frente foi… estranho. E de há uns dias para cá (quase 2 anos e 5 meses depois) tornou-se ainda mais estranho.
Nessa mesma noite saímos, brincamos, bebemos, trocamos uns olhares de cumplicidade em situações que nos levavam a um passado que havia evocado para me fazer sair. Por varias vezes ele me surpreendeu com pequenas frases ditas bem baixinho ao meu ouvido, outras vezes com pequenos gestos ou olhares, pequenos sorrisos, pequenos toques. Por várias vezes me disse que tinha saudades de sair comigo e de me ver sorrir, e por outras me perguntou se aquilo não era bem melhor do que estar em casa. Mas só no dia seguinte as coisas começaram a ficar estranhas. Como havíamos ido em carros separados só no dia seguinte tomei conhecimento da conversa que decorreu no carro dele. Uma amiga minha que foi no carro dele começou a aperceber-se que nos lugares da frente (condutor e pendura) decorria uma conversa paralela que nada dizia respeito ao que se conversava no banco de trás. E foi qualquer coisa deste tipo:
…
ELE: “Como é que ela nunca percebeu?”
O AMIGO: “Vocês agora raramente se vêem, é normal.”
ELE: “Mas é que eu nem consigo disfarçar. É mais forte que eu. Estes anos todos e ela nunca me disse nada.”
O AMIGO: “Pois ela também tem namorado.”
ELE: “Eu sei mas ele não lhe liga nenhuma.”
O AMIGO: “Também não há-de ser bem assim, senão ela não estava com ele.”
ELE: “Só não sei é como é que ela até hoje nunca percebeu.”
Ao saber disto fiquei completamente chocada. Não havia dúvidas de que se referiam a mim, até porque a conversa não ficou por aqui e além de terem falado de situações do passado, referiram várias vezes o meu nome (usando um diminutivo que só algumas pessoas usam).
Fiquei petrificada. Para vos explicar de forma muito simples a crise envolvia 5 pessoas:
1-Eu
2-Ele
3-O meu namorado
4-Uma amiga que era apaixonada por Ele
5-E, a minha amiga que ouviu a conversa e que a amiga nº4 pensava que se andava a fazer a Ele.
Estranhamente ele começou a ir ao café quase todas as noites, o que já nessa altura era um hábito meu, mas não dele. Chegava sentava-se na minha mesa, trocava 2 ou 3 apalavras comigo e nada mais. Outra coisa estranhíssima era o facto de ele apenas falar comigo quando estávamos sós, sempre que aparecia alguém ele entrava na defesa e das duas uma: ou não falava comigo ou despejava toda a sua arrogância para cima de mim.
Eis que é sábado novamente. Eis que há mais um jantar de amigos, ao qual ele não aparece mas não hora de ir sair…
1 comentário:
Em certas situações só nos resta aprender...
Tenha uma boa semana!
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