Ai dói dói

Deitei-me tarde e fiquei a contar as horas. Eram 4h30 da manha quando consegui forças para levantar a cabeça e tomar um comprimido. Voltas e mais voltas na cama (no pequeno espaço que estava desocupado) um calor abrasador imanava do corpo dele que dormia completamente destapado. Eu... de pijama, tapada, cheia de frio e de dores. Depois de alguns pontapés para arranjar espaço, depois de alguns puxões para conseguir um bocado de lençol acordei-o. "O que tens?" perguntou-me. "Estou cheia de dores e preciso de espaço." Carinhosamente afastou-se, estendeu o braço, colocou-me a mão nas costas e acarinhou-me por alguns minutos. Por entre os meus gemidos de dor perguntou-me ainda se podia fazer alguma coisa por mim. "Não amor, só preciso de espaço para me mexer." Passava das 5h da manhã, já ele dormia profundamente, quando finalmente consegui adormecer. Acordo por volta das 8h30 (nem ouvi o despertador) e digo-lhe que já é tarde. Umas horas mais tarde levanto-me e penso para comigo, como é possível doer tanto. Como é possível ser um fardo aquilo que supostamente deveria ser uma bênção? Dizem que "uma dor de dentes dói mais que ter um filho", pois não sei porque filhos não tenho mas dor de dentes... é verdade que dói muito. Agora as dores do parto não podem ser piores do que as dores da menstruação. No meu caso junta-se o incomodo ao desagradável. Cada vez que estas dores dão um ar da sua graça é um desânimo, e não é só pelas dores que sinto, mas pela tristeza de ainda não ter sido desta que as interrompemos por 9 meses. Do mal, o menos, e apesar de ser um sofrimento todos os meses há que pensar que são só 12 vezes por ano. Agora que dói…. dói e não é pouco.